O Dr Robert Meves fala sobre a Dor nas Costas, causas e tratamentos.
Assista ao vídeo e saiba mais sobre este importante assunto.
“Primeiro eu vou me apresentar. Meu nome é Professor Robert Meves e sou atualmente presidente da Sociedade Brasileira de Coluna e professor na Santa Casa de São Paulo. Pós-doutor e orientador lato sensu e stricto sensu na Santa Casa de São Paulo.”
“Gostaria de falar algo a respeito de dor nas costas para o paciente, com enfoque no diagnóstico, prevenção e tratamento.”
“Por que dor nas costas?”
“Primeiro pela alta incidência e frequência da queixa na população em geral.”
“Uma breve pergunta, uma breve questão em relação a essa queixa.”
“Se você perguntar, na população geral, quantas pessoas apresentam dor na nas costas, mais de 80% vão levantar a mão e é uma queixa que é muito frequente no seu dia a dia.”
“Então esse tema justifica a importância da gente lançar mão de algumas orientações.”
“Primeiro, o que que é dor nas costas?”
“Nada mais é do que a dor lombar baixa. O paciente relata um desconforto quando está muito tempo em pé, após carregar peso, após atividade física e, geralmente, é uma queixa autolimitada.”
“O que significa uma queixa autolimitada?”
“Ela vem durante três, quatro dias e acaba resolvendo sozinho ou com algum analgésico, algum anti-inflamatório.”
“Quando você deve se preocupar com essa dor nas costas?”
“Quando ela vem ela fica. Ou como é o termo técnico, o termo médico: quando ela fica crônica.”
“Aí sim requer alguma alguma investigação.”
“Mas de qualquer forma, mesmo nos casos agudos, ou seja, nessas situações que a dor fica após uns dois dias de esforço físico ou uma atividade que você ficou muito tempo em pé ou na fila de espera, muitas vezes requer atenção porque não é raro a automedicação.”
“O paciente que vai na farmácia compra o anti-inflamatório.”
“São medicamentos que não requerem receita médica, mas eles apresentam efeitos adversos importantes.”
“Que efeitos adversos?”
“Problemas secundários ao uso indevido desse medicamento.”
“E que muitas vezes, não raro, pacientes com contraindicações para uso desses medicamentos por automedicação não sabem que podem levar a um problema grave renal, uma úlcera gástrica perfurada. Principalmente no uso crônico, ou seja, depois de uma duas semanas.”
“Então, mesmo sendo uma queixa recente de poucos dias, requer uma orientação média.”
“Apesar de que, na grande maioria dos dos casos, apenas uma orientação postural, apenas uma observação médica ou ajuda de um fisioterapeuta, na fase aguda, geralmente resolve a grande maioria dos casos.”
“E nos casos crônicos?”
“Nos casos crônicos, com alguma queixa associada, requer uma atenção especial.”
“Por exemplo: paciente com dor nas costas com irradiação pros membros ou seja aquela dor que caminha para o braço, caminha para a coxa, caminha para a perna ou que o paciente refere um formigamento, o termo técnico chama parestesia.”
“Isso, essa queixa, muitas vezes requer uma investigação.”
“Por que uma investigação?”
“Porque são sintomas muitas vezes de nervos.”
“Nervos que saem da coluna vertebral. Muitas vezes, por exemplo, uma hérnia de disco ou um osteófito, que é o bico de papagaio.”
“Muitas vezes pinçam esse nervo e é como um fio elétrico ou seja sai da coluna vertebral e existe essa radiação.”
“Geralmente são dores que assustam, que o paciente acaba não conseguindo, às vezes, andar. Tem que ficar de repouso porque a dor é muito forte.”
“Eu até dou o exemplo, para os pacientes quando tem a dor de nervo que sai da coluna, que é como se tivesse uma dor de dente que vai pro braço ou uma dor de dente que está na perna.”
“E muitas vezes o paciente fica assustado. Como o problema na coluna está dando uma dor para a perna ou para o braço?”
“E não raro o paciente vem com com estudos diagnósticos, ou seja, raio X, exames de imagens mais sofisticados como tomografia, ressonância do braço e da perna.”
“Mas na verdade são dores referidas da coluna vertebral, ou seja, o problema na coluna vertebral e a dor por essa questão da conexão desses nervos com os membros, a dor é referida nos membros.”
“Aí sim, nesses casos, nós lançamos mão de alguns exames.”
“Como primeiro exame a radiografia simples. Apesar de ser um exame antigo, é um exame que é utilizado até hoje porque ele dá muito as características ósseas que podem estar alteradas no caso de doença.”
“Por exemplo: um desgaste, um desvio lateral da coluna, o bico de papagaio que é o famoso osteófito.”
“Que são alterações que, já com a radiografia simples, já podemos pensar no diagnóstico diferencial, ou seja, se é diferencial de uma dor muscular, que geralmente é aquela dor que resolve com observação analgésico, ou muitas vezes alguma afecção, alguma doença mais grave que requer um tratamento específico.”
“Hoje em dia, nós temos exames mais sofisticados, como a tomografia, que é hoje padrão para ver estrutura óssea das vértebras. E a ressonância magnética, que pode mostrar alterações de partes moles, que são o disco intervertebral, os ligamentos, os nervos.”
“Aí a ressonância complementa essa investigação.”
“E porque esses exames são importantes?”
“Porque eles vão mostrar se existe alguma alteração estrutural da coluna vertebral, que justifique essa dor nas costas que não está respondendo ao repouso, não está respondendo ao analgésico ou que não está respondendo a fisioterapia.”
“Hoje, há uma avaliação multidisciplinar, junto com colegas da área, que se dedicam à coluna vertebral, como fisioterapeutas, fisiatras, reumatologistas.”
“Todos trabalham em conjunto para o melhor atendimento a esse paciente.”
“Quando a intervenção do especialista cirurgião de coluna é indicada?”
“Naqueles casos onde se falham todas as outras alternativas menos invasivas para o tratamento da dor, para a dor do nervo, para a dor muscular, para a dor crônica nas costas.”
“Quando se falham essas medidas físicas indicadas pelos fisioterapeutas e fisiatras, que geralmente leva em conta como ultrassom, calor profundo, eletroterapia, acupuntura, que são todas intervenções conservadoras, ou seja, que não envolvem cirurgia, e que já são reconhecidas e acreditadas por todas as sociedades médicas e pela Anvisa, existe a possibilidade de intervenções que podem ser realizadas.”
“Lembrar que hoje existe um grupo de intervenções grandes, menos invasivas para o tratamento dessas afecções.”
“Hoje a cirurgia, se for pensar num procedimento cirúrgico de todo o grupo desses pacientes, eu diria que menos de 1% requer uma intervenção aberta.”
“Hoje existe a possibilidade de injeções espinais, a possibilidade de procedimentos menos invasivos percutâneos, que muitas vezes levam a resolver o processo inflamatório desse desgaste e alivia a dor e facilita uma reabilitação para o paciente retornar a sua qualidade de vida, ou seja, aquela limitação das atividades de vida diária que muitas vezes a dor na coluna pode levar.”
“As cirurgias, as intervenções como as artrodeses, as artroplastias, estão indicados num grupo seleto de pacientes com queixa rebelde ao tratamento clínico.”
“Mas em poucas palavras, o que eu posso comentar, que a dor na coluna vertebral não deve ser negligenciada a grande parte dos pacientes. E vão se beneficiar de uma orientação postural.”
“A automedicação não deve ser recomendada porque todos os medicamentos, mesmo que não requeiram receita médica, apresentam riscos, ou seja, a eventos adversos que são muito significativos para o paciente, principalmente da parte renal e da parte gastrointestinal.”
“Hoje nós temos uma miríade, um grupo de intervenções menos invasivas, antes dos procedimentos cirúrgicos abertos, minimamente invasivos ou abertos. E com todo esse arsenal, hoje a gente consegue dar qualidade de vida para o paciente com dor crônica nas costas.”
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