O médico ortopedista, Dr Robert Meves, participou de reportagem no SP1 no dia 17/02, com Alan Severiano, sobre Dores nas Costas.
Na oportunidade respondeu algumas dúvidas dos telespectadores.
24:50
Alan – “E para tirar dúvidas sobre dor nas costas, a gente recebe aqui no estúdio o doutor Robert Meves, que é chefe do grupo de coluna da Santa Casa de São Paulo. Doutor, boa tarde para o senhor.”
Dr Meves – “Boa tarde.”
Alan – “Bem-vindo ao SP1. Já trouxe até uma coluninha aqui para a gente ilustrar melhor esses problemas.”
Alan – “Dor, enfim, qualquer que seja, acaba com o dia da gente.”
Alan – “Dor nas costas, então, é super comum. Quais são as principais causas de dor nas costas aqui no país?”
Dr Meves – “Então, a dor nas costas é a principal causa de afastamento de trabalho. Então, isso mostra alta prevalência.”
Dr Meves – “Em geral, a dor nas costas acontece em duas regiões. A região aqui do pescoço, conhecida como coluna cervical. E na região lombar, que é a região mais baixa da coluna.”
Dr Meves – “A coluna torácica é mais rara porque ela é mais rígida. Então, em geral, a dor nas costas nessa região, por sobrecarga muscular, é a principal causa de procura de atendimento para o socorro nos ambulatórios.”
Alan – “No pescoço, já imagino que tem a ver atualmente com o nosso vício, digamos assim, no celular.”
Alan – “Vou até puxar uma tela aqui para a gente conferir agora. É aquela coisa da inclinação da cabeça, né, doutor? Ou seja, quanto maior a inclinação, a gente confere aqui nessa ilustração, maior o peso da cabeça sobre a coluna. Ou seja, com 15 graus de inclinação do nosso pescoço, olhando para frente e ali para o celular, dá 12 quilos de pressão.”
Alan – “Com 60 graus, 27 quilos. Esse peso todo.”
Dr Meves – “É impressionante. No nosso ambulatório, nós tivemos um aumento de 25% dessa questão nos últimos anos.”
Dr Meves – “Lembrar que essa posição é a posição ideal, né, que você vê o alinhamento perfeito da coluna. É impressionante a sobrecarga conforme a diferente flexão do pescoço, ou seja, olhando para frente. Então, você pode atingir até mais de 20 quilos.
Dr Meves – “Isso leva a uma sobrecarga da musculatura, das articulações, e isso é muito limitante para o paciente.”
Alan – “O que acontece com as vértebras exatamente, assim, com esse peso todo ali?”
Dr Meves – “Então, na frente das vértebras, nós temos os discos intervertebrais, que são como se fossem amortecedores. Imagine 27 quilos sobrecarregando essa região anterior.”
Dr Meves – “Se o paciente tiver algum desgaste natural, isso pode, inclusive, romper esse disco e levar a uma hérnia de disco, que é um problema mais grave. Então, a prevenção é chave nesse problema.”
Alan – “Uma pergunta que muita gente faz é se isso tem a ver com a idade.”
Alan – “Quer dizer, dor nas costas aparece em quem é mais velho. Como é que é isso? Existe essa relação?”
Dr Meves – “Sim, existe essa relação. Tem dois picos de maior incidência. No jovem, pelo esforço físico, por atividade física inadequada. E no idoso, pela questão de fragilidade óssea e do desgaste natural das articulações. Então, são dois picos de queixa dos pacientes.”
Dr Meves – “Então, ela é muito frequente tanto no adulto como no paciente mais idoso.”
Alan – “Quais são os maus hábitos aí, além dessa questão do celular, que a gente não fica muito atento durante o dia, que são mais comuns durante o dia?”
Dr Meves – “O que a gente pode comentar são as questões posturais. Ao sentar, por exemplo, procurar ficar na posição 90, 90 graus. Ou seja, com a tela na linha do olho. “
Dr Meves – “Quando você vai falar no celular, procurar ficar na linha da visão. Isso ajuda a diminuir essa sobrecarga e essa queixa frequente dos pacientes.”
Alan – “Como é que a gente deve dormir, doutor? Muita gente acaba tendo dúvidas em relação à posição de dormir mais adequada para ser evitador nas fotos.”
Dr Meves – “Sim, isso é um debate, mas assim, o que nós recomendamos, geralmente, é o de lado, porque permite o alinhamento da coluna. No de bruços, por exemplo, é muito difícil você manter um alinhamento adequado, como a gente está comentando.”
Dr Meves – “Então, de lado, com o travesseiro na cabeça, impedindo a inclinação da cabeça no colchão, e o travesseiro entre as pernas.”
Dr Meves – “Geralmente, essa é a fórmula mais recomendada para iniciar o repouso e dormir.”
Alan – “Então, o travesseiro nem muito alto, nem muito baixo, é isso?”
Dr Meves – “Nem muito alto, nem muito baixo.”
Dr Meves – “Você aloca ele de uma forma que a cabeça não fique inclinada, evitando sobrecarregar as articulações.”
Alan – “E para quem tem refluxo, por exemplo, que tem que manter a cabeça um pouco mais alta?”
Dr Meves – “Cabeça elevada, e tem alguns colegas que indicam até pé falso no leito, ou seja, inclinar, deixar o leito um pouquinho mais elevado para evitar o refluxo. Então, é uma adaptação que pode ser feita também para o paciente com portador de refluxo.”
Alan – “Ou seja, um apoio lá na cabeceira da cama, um apoio no chão, para a cama ficar completamente inclinada.”
Dr Meves – “É uma das medidas do tratamento conservador do refluxo, né?”
Alan – “Perfeito. Bem, daqui a pouquinho o doutor volta aí para responder suas perguntas. É só mandar a pergunta pelo QR Code que aparece aqui na tela, né? Sobre dor nas costas, dor na coluna. Ele responde daqui a pouquinho aqui com a gente. Doutor Robert, lá da Santa Casa, especialista aí em coluna.”
Alan – “Obrigado, doutor. Até mais. Um abraço.”
58:55
Alan – “Hoje, SP1 entrevistando um especialista em dor nas costas. Muita gente sofre com esse problema. Dr Robert Meves, que é da Santa Casa, está aqui de volta com a gente. Doutor, queria fazer uma pergunta aqui sobre alongamento.”
Alan – “Quem tem dor nas costas, vale muito fazer exercício, alongamento, logo de manhã, cedinho?”
Dr Meves – “Sim, vale, em especial quando você tem uma jornada longa de trabalho, acima de 30, 60 minutos. Então, pequenas pausas para alongamento, extensão da cervical, movimentação da coluna, alongamento de perna, membros inferiores, isso é recomendado.”
Dr Meves – “E de manhã, sim, porque você ficou muito tempo parado. Então, as articulações têm aquela que nós chamamos de rigidez matinal. Aquela sensação de que você está rígido, enferrujado. Então, alongamento nessa fase é muito importante para melhorar a qualidade de vida.”
Alan – “Aquela azeitadinha no nosso corpo.”
Alan – “Tem muita pergunta bombando aqui. Vamos dar uma olhadinha nas perguntas dos nossos telespectadores? Pessoal querendo saber de dor nas costas, afinal, todo mundo ou tem ou conhece alguém que tenha, né, doutor?”
Dr Meves – “Sim, sim, 80% da população tem ou vai ter. Então, é uma prevalência muito alta.”
Alan – “Olha aí o Vagner. Sinto dores frequentes na lombar. Fiz uma ressonância e foi constatada uma degeneração nos discos. Faço corrida frequentemente e tenho receio de agravar devido ao impacto. Qual a sua recomendação?”
Dr Meves – “Então, até eu trouxe um modelinho aqui, não sei se no vídeo fica bem pra ver. O disco que ele comenta aqui está desgastado. Entre as vértebras, tem esse amortecedorzinho aqui. Então, o impacto pode levar, muitas vezes, até a lesão.”
Dr Meves – “E essa lesão pode sim, formar, muitas vezes, formação de fragmento, né? E quando pega o nervo, isso é um problema. É que nem o fio elétrico. Ele pega e sente um choque pra perna ou pro braço.”
Dr Meves – “Às vezes, o paciente acha problema na perna e no braço, não na coluna vertebral.”
Dr Meves – “Então, ele tem que tomar muito cuidado. É claro que a ressonância magnética, hoje, é o padrão pra gente poder analisar esse disco intervertebral, porque ele não é osso. Então, a ressonância é a melhor pra poder ver essas alterações e evitar impacto.”
Dr Meves – “E lembrar que o que faz a estabilização dessa estrutura é músculo. Então, um bom acondicionamento físico muscular é muito importante pro tratamento.”
Dr Meves – “Fazer exercício sempre pra fortalecer a musculatura e evitar esse desgaste.”
Alan – “Olha a Mônica, sobre estenose no canal vertebral. Minha tia de 88 anos tem, faz fisioterapia há 2 anos, mas não resolveu. Agora tá em cadeira de rodas. Solução? Só cirurgia?”
Dr Meves – “Então, é interessante notar que na Santa Casa, por exemplo, de todos os queixos e dor nas costas, menos de 2% vão pra cirurgia. Então, as medidas conservadoras, com reforço da musculatura, fisioterapia, acabam resolvendo a grande maioria dos casos.”
Dr Meves – “Entretanto, há pacientes, geralmente mais idosos, que existe o que? O estreitamento do canal vertebral, onde se passa estruturas nervosas. O bico de papagaio, osteófita estreita. O disco intervertebral também.”
Dr Meves – “Então, tudo isso pode levar a essa queixa neurológica. Ou seja, o paciente anda, tem que sentar. Em situações específicas, acima de 2 anos, ela requer tratamento, e muitas vezes cirúrgico.”
Dr Meves – “Então, a recomendação é que ela procure uma unidade básica de saúde, e de lá vai ser encaminhada pro tratamento adequado.”
Alan – “Essa bolinha que formou aí, como é que chama isso daí?
Dr Meves – “Hernia de disco lombar.”
Alan – “Ah, então é um assunto do Edson aqui, ó. Tenho duas hérnias de disco, e me foi recomendado fazer cirurgia. Eu gosto de andar de bicicleta, mas às vezes esse problema me incomoda na prática da atividade. Qual a melhor coisa a fazer?
Dr Meves – “Então, 80 a 90% dos casos de hérnia de disco, hoje em dia, a gente trata assim, sem cirurgia. Porque o processo inflamatório após a hérnia é resolvido depois de 6, 12 semanas.”
Dr Meves – “Há quanto tempo que ele está? Ele não falou há quanto tempo que ele tá incomodando. É, não diz exatamente. Então, quando se passa de 6 a 12 semanas, se pode dispensar alguma intervenção.”
Dr Meves – “E quando essa hérnia é muito grande, pinça o nervo e começa a perder força. Então, nessa situação, muitas vezes hoje nós temos técnicas pra descomprimir o nervo. Ou seja, pra tirar aquela compressão.”
Dr Meves – “Mas eu vou enfatizar que é a grande minoria dos casos. Geralmente uma boa fisioterapia, tratamento conservador, que foi descrito na reportagem, é o suficiente.”
Alan – “Ele deve suspender a bicicleta enquanto isso?”
Dr Meves – “Sim, porque ele vai estar fazendo flexão do tronco e sobrecarregando esse disco que tá inflamado.”
Alan – “Muita gente que passou a andar de bicicleta ultimamente tem reclamado de dor nas costas também, né? Essa é outra tendência que a gente tem visto.”
Dr Meves – “Sim, sim. Pensando que, por exemplo, a cabeça tem 5 quilos, 5 ou 6 quilos. Você vê que quando se flete o tronco, a sobrecarga vai na cervical e na lombar. Quando se flete também o tronco, tá desalinhado, também acaba sobrecarregando a lombar. Então, isso tem que ser levado em conta no momento do tratamento.”
Alan – “Doutor, pena que o nosso tempo terminou, porque a gente tem muitas perguntas aqui dos telespectadores. Porque é um assunto que interessa a muita gente, mas agradeço a sua participação. Doutor, a gente vai trazê-lo de volta, convidá-lo de volta pra tirar mais as dúvidas aí dos nossos telespectadores sobre dor nas costas.”
Dr Meves – “Legal.”
Alan -“Abraço, boa semana.”
Dr Meves – “Abraço.”
E se precisar saber mais ou fazer uma consulta, entre em contato.